Tema: Consumismo

domingo, 4 de maio de 2008
Postado por Amantes do Saber


con.su.mis.mo sm. Consumo exagerado de bens para uso próprio.

No geral, podemos dizer que grande parte da sociedade (e até mesmo sua maior parte) pode ser caracterizada como consumista. Por mais que as pessoas digam serem contra o consumismo, são poucas as que realmente nao o praticam. Por que há corrupção? Por que as pessoas roubam? Por que há tanta criminalidade e violência?

Poderíamos nos perguntar sobre muitos outros problemas, mas o que responde a todas essas perguntas é: todos querem ter muito dinheiro. E pra quê ter tanto dinheito? Para obter objetos. O desejo, muitas vezes, é algo inconsciente, mas a posse de bens guia o homem atual.

O filósofo e sociólogo francês Jean Baudrillard foi um feroz crítico da sociedade de consumo, e em suas análises sobre os meios de comunicação, sempre deu destaque à televisão, que originou os "simulacros", em sua tese central. Segundo esta tese, o mundo é repleto de simulações e reproduções do real, onde há perda da noção da realidade. As técnicas para produzir tais ilusões incluem a realidade virtual, a produção exagerada de imagens, signos e mensagens, que é o que a publicidade faz hoje em dia.

Baudrillard entendia os meio de comunicação de massa como veículos fascinantes, mas ao mesmo tempo terroristas e manipuladores. Criou o termo "sinal-valor", ou seja, a marca, o luxo e a sensação de poder tornam-se mais importantes do que sua utilidade.

"Já nao consumimos coisas, mas somente signos."

Para ele, a transformação da mercadoria em signo foi o destino do capitalismo e o objetivo dessa sociedade cultura de consumo é apresentar, cada vez mais, um grande número de signos novos, para que o indivíduo deseje e consuma.
"Até o mais marginal, o mais banal, o mais obscuro estetiza-se"

Esta frase mostra que em seu ponto de vista, todos e todas as coisas passam por um processo de estetização na atual fase do capitalismo, processo que fascina, manipula desejos e gostos e influencia o consumo. Hoje em dia tudo é reduzido a apenas imagens.

Outro filósofo que fala sobre o consumismo e outros temas relacionados é Gilles Lipovetsky, um pensador atual, que ainda vivencia as modificações do mundo moderno.

"Eu disse que o luxo não era supérfluo na escala da história. Em sociedades de outros tempos era uma questão de estrutura. O que acontece hoje é que não temos mais muitos sonhos. Por isso, o consumo para muitas pessoas funciona como um sonho, de beleza, de coisas de qualidade, de estética, de felicidade, de distanciamento. O homem é um consumidor, mas não é só isso. O homem não foi feito só para consumir, ele também foi feito para criar, para progredir, para melhorar. O consumo é muito bom, mas não pode preencher a vida. Se não há outro valor além do consumo, é muito triste. Não é supérfluo, é triste."

Como podemos ler na frase acima, dita por Lipovetsky em uma entrevista, para ele o consumo e a futilidade na são desprezíveis, são até bons. Em outros momentos diz que o homem não se contenta apenas com a satisfação de suas necessidades naturais, há uma busca de excesso, de ultrapassamento da naturalidade, de beleza no luxo, sensualidade, requinte. Tudo isso exprime a competição entre os homens, a rivalidade que desde sempre esteve presente. O homem não se satisfaz com o que tem, mas quer sempre mais.

Nossos pensamentos têm semelhança com o dos dois filósofos apresentados. Sabemos que para o homem atual, ter é muito prazeroso. O status e a boa aparência atraem o homem. Pode ser que há determinado tempo atrás isso não fosse normal, mas essas características até nos parecem parte do instinto humano. Baudrillard falou sobre os "simulacros", e essa tese é de muita valia se observarmos a sociedade atual, onde as coisas são reproduzidas, extrapolando o real, que as propagandas e os meios de comunicação produzem. A transformação da mercadoria em signo também é evidente, na qual objetos até perdem seu valor de uso para ter outros significados: poder, riqueza, status.

Como dizia Lipovetsky, consumir é bom, não podemos negar. Ele foi plenamente realista em seus pensamentos, pois o consumo é prazeroso, todos gostam e isso é muito difícil de se reverter, mas deve-se pensar conscientemente. O consumismo está muito ligado à futilidade, enquanto existem outras "necessidades" mais importantes a serem investidas.

Acreditamos que o consumismo provém de um sistema político-econômico implantado com o objetivo de lucrar: o capitalismo, e disso originou-se a publicidade e o marketing. Onde andamos há bombardeios de mensagens publicitárias, induzindo-nos ao consumo, transformando necessidades em desejos, e para saciar esses desejos, as pessoas acabam matando, cometendo crimes. É esse o mal do consumismo, suas consequências: violência, julgamento pela aparência, exclusão social, perda de valores culturais, éticos.

"A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens."
Mahatma Gandhi

"O único progresso verdadeiro é o progresso moral. O resto é simplesmente ter mais ou menos bens".
José Saramago

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